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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Coluna de Roberto Porto no Direto da Redação

Olá, rádionautas,

o jornalismo esportivo é uma das modalidades dentro do rádio mais emocionantes. Ao estudar jornalismo, sempre o rádio e o esportivo sempre me foram caros para mim, pois, os acompanho desde os 14 anos. 

Em 4 de março 2008, resolvi abrir o Blog do Rádio Carioca, para extravazar o meu descontentamento com o fim da equipe de esportes da Rádio Nacional carioca(KHz 1130 AM). No entanto, eu não imaginava o sucesso do blog e o meu nome figurasse no "ramo esportivo" por "levantar a bandeira do rádio" para o bem.

O jornalista e radialista Roberto Porto, tem um blog Direto da Redação, que retrata de vários aspectos do cotidiano e o rádio esportivo abrilhanta o espaço. E neste espaço, o No Ar... 90 Anos, tentarei não repetir o outro blog, pois o rádio é muito além do esportivo.Peço compreensão de todos.

Boa Leitura a todos e um grande abraço radiofônico,

Isabela Guedes
noar90anos@gmail.com

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O rádio esportivo mudou minha vida

( Roberto Porto) 

Rio - Sempre gostei do rádio. Hoje, desconfio (vejam que utilizei o verbo desconfiar) que foi minha paixão pelo rádio, desde garoto, que me levou ao jornalismo esportivo, aplicando um pontapé na carreira de advogado. Minha mais remota lembrança do rádio esportivo é de meu pai – este sim um advogado vitorioso – tentando sintonizar, em Laranjeiras, onde morávamos, uma partida de futebol numa tarde de domingo. Hoje, por dever de ofício, sei que ele lutava para escutar, em ondas curtas, um jogo Argentina x Brasil, no Campeonato Sul-Americano de 1946, em Buenos Aires, partida que o Brasil me fez o favor de perder de 2 a 0.

Daí em diante, o rádio passou a fazer parte de minha vida de garoto. Escutei alguns jogos de 1948 – Botafogo campeão carioca – e em 1950 acompanhei toda a maldita Copa do Mundo com um rádio moderno comprado por meu pai, Nélson Porto. Aliás, só não ouvi Brasil x Iugoslávia porque ele me levou ao lotado Maracanã. Aí não houve jeito: passei a ser ouvinte assíduo de ‘No Mundo da Bola’, apresentado diariamente à tarde por Antônio Cordeiro na Rádio Nacional. Chovesse ou não chovesse, tivesse que estudar ou não, lá estava eu escutando Antônio Cordeiro.

Além de Cordeiro, passei a conhecer e reconhecer as vozes de Jorge Cury, Sérgio Paiva, Jorge de Souza, Luís Alberto (comentarista) e Valdir Amaral, entre outros. Mas não abandonava os outros, como Ary Barroso, José Maria Scassa (comentarista), Doalcey Bueno de Camargo e Benjamim Wright (comentarista), pai do hoje também comentarista José Roberto Wright. Cheguei ao exagero de reconhecer, pelo estilo, César de Alencar, que ficava atrás do gol. César, por sinal, de tão agradecido que ficou, ao ouvir seu nome em um programa criado por mim, na Rádio Nacional, fez questão de me conhecer pessoalmente quando andei por lá na década de 80.

Por isso, não vacilei quando recebi um convite, em 1981, para integrar a equipe de José Carlos Araújo na Rádio Nacional, na Praça Mauá. Fiquei conhecendo pessoalmente um monte de gente que só conhecia pela voz, como o próprio José Carlos, Washington Rodrigues, Deni Menezes, José Cabral, Luiz Mendes, Maurício ‘Danadinho’ Menezes e um bando de repórteres. Da Nacional, apesar do gosto pelo rádio, saí para trabalhar com José Inácio Werneck, no Jornal do Brasil, mas acabei voltando, já que José Carlos Araújo havia ido para a Globo e deixara mais espaço na Nacional, já sob o comando de Teixeira Heizer e Doalcey Camargo.

Da Nacional – que mora no meu coração, assim como o Jornal do Brasil – passei para a Rádio Tupi, na Rua do Livramento, a convite de Luiz Penido. Como na Nacional, sempre trabalhei como comentarista de jogos e de um programa noturno apresentado por Luiz Ribeiro. E foi lá na Tupi que inventei a história do suicídio de um porco e quase tirei a emissora do ar. Infelizmente, não por causa do suposto suicídio do porco, não demorei muito na Tupi. Mas logo estava na Rádio Globo para trabalhar com o verdadeiro fenômeno que era Haroldo de Andrade. De ruim, só tinha o horário: chegava à rádio às cinco horas da manhã e saía meio-dia.

Mas na Rádio Globo – que me deu um tratamento todo especial – não fazia esportes. Com a morte do escritor Hélio Thys, fui encarregado de escrever diariamente o famoso ‘Bom Dia de Haroldo de Andrade’. Teoricamente, eu deveria reescrever as cartas que chegavam à nossa pequena redação, mas isso não ocorreu. As cartas eram ruins e mal escritas. Qual foi a solução? Passei, eu mesmo, a escrever as tais cartas, e ainda me dava ao luxo de, no final, dar o conselho ponderado de Haroldo de Andrade aos ‘ouvintes’ aflitos com os problemas que viviam.

Mas Haroldo – fantástica figura humana – rompeu contrato com a Globo e tive que sair, juntamente com Márcio de Souza e Wilson Silva (excelente repórter). Como me mudei para a Barra da Tijuca, ingressei na Rádio Melodia, evangélica, a convite de Wilson Silva. Na Melodia, diga-se de passagem, não tinha a liberdade que gozava na Globo. O ‘Bom Dia da Melodia’, que ficava sete minutos no ar, passava pelas mãos de um pastor. E eu não podia falar em sexo, traições de mulheres e maridos, etc e tal. Saí pela tangente e criei demônios e tinhosos que tentavam os ouvintes a cometerem pecados. E foi um sucesso. Pena que o dono da Melodia envolveu-se numa negócio ilícito e tive que sair, sem que o pastor vetasse uma única e escassa ‘história’ que eu inventava em casa e mandava pela internet.
Esta é a minha história no rádio e da qual sinto saudades até hoje.

Um comentário:

  1. Um cara como o Porto não pode ficar afastado do rádio... =)
    Saúde e paz, Isa. =*

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